ÍNDICE
RESUMO
A
Revolução Industrial foi um separador de momentos na história e quase todos os
aspectos da vida quotidiana da época foram influídos de alguma forma por esse
processo. Em particular, a renda média e a população principiaram a
experimentar um crescimento sustentado. Pela primeira vez na história os
padrões de vida das massas de pessoas comuns começaram a se submeter a um
crescimento sustentado. Nada remotamente parecido com este comportamento
económico é mencionado por economistas clássicos, até mesmo como uma
possibilidade teórica.
Tratou-se
da consubstanciação de um novo período histórico, com o surgimento do
capitalismo industrial. Este modo de produção capitalista, definido através das
forças produtivas e das relações sociais de produção, baseou-se em bens de
consumo (sendo dianteira, a indústria têxtil), preceituando a melhoria nos
meios de comunicação (como transportes terrestres e marítimos), o
desenvolvimento da metalurgia, do motor a vapor e do carvão como energia.
O primórdio
e a duração da Revolução Industrial variam de acordo com diferentes
historiadores, mas todos são unânimes em afirmar que ocorreu na Inglaterra
entre os séculos XVIII e XIX embora havendo dissonância nas décadas. Alguns
historiadores do século XX, têm argumentado que o processo de mudança económica
e social ocorreu de forma gradual e que o termo "revolução" é
equivocado. Este ainda é um assunto que está em debate entre os historiadores.
CAPITULO – I
O presente trabalho é da esfera académica, fica a
realizar devido o facto de o docente da disciplina de História Económica e
Social do Mundo ter conferido como trabalho de pesquisa ao quarto grupo do
curso de Ciência Política do regime laboral no qual fazemos parte como membros
integrantes.
Tem como tema A Revolução Industrial na Inglaterra, não
obstante, não se pretende esgrimir tudo o que as fontes consultadas abordam a
respeito dessa matéria, mas sim, aspectos de estrema importância. Para melhor
percepção desta matéria, julgou-se pertinente a divisão do mesmo em partes,
onde a primeira parte privilegia a introdução na qual procura se expor o tema
em questão, as motivações da sua realização, a utilidade e os objectivos que se
pretende alcançar.
Para elaboração deste trabalho foi efectuado uma pesquisa
bibliográfica ou de fontes secundárias com vista a obter informações básicas
sobre os diferentes trabalhos científicos existentes sobre o assunto em questão,
mas também recorreu-se ao texto disponibilizado pelo docente ao longo das aulas
e aos artigos disponibilizados em algumas páginas electrónicas.
a)
Geral:
·
Desenvolver capacidades de reflectir e pensar
cientificamente acerca da Revolução Industrial na Inglaterra
b)
Específicos:
·
Conhecer os antecedentes da revolução industrial;
·
Dominar os alicerces do pioneirismo inglês na
revolução industrial;
·
Conhecer as consequências da revolução industrial
inglês.
CAPITULO – II
BARRETO, Rodrigo Luís Pereira & MANZANO, Valdir
Luciano Franco, definem Revolução Industrial como sendo um “conjunto de
transformações técnicas e económicas iniciadas na Inglaterra na segunda metade
do século XVIII e que se espalharam pelo resto do continente europeu e América
do Norte ao longo do século XIX”.
Segundo SARDICA, José Miguel (1993: 163),“a Revolução
Industrial apresenta-se-nos como um processo de conversão económica e
civilizacional espraiado no tempo e no espaço que, no seu todo, assegurou ao
continente europeu uma indesmentível hegemonia mundial até ao término da I
guerra constituindo virtualmente a certidão de nascimento do mundo
contemporâneo.”
Revolução Industrial – foi a transição para novos
processos de manufactura1 no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e
1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais
para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos
processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso
crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além
da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução
teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou pela Europa Ocidental
e Estados Unidos. A Revolução Industrial consistiu no afastamento paulatino das
técnicas de produção, manufactureiras e a criação das maquinofacturas2. As
maquinofacturas diferenciavam-se das manufacturas pelo fato de produzirem bens
em larga escala através da utilização de máquinas, operadas pelos
trabalhadores. O principal significado da Revolução Industrial Inglesa foi a
generalização do trabalho assalariado, por conseguinte do capitalismo.
____________________
1 Manufacturas – produção através do trabalho
manual.
2 Maquinofactura – sistema de produção em que os
artigos são produzidos através de máquinas.
Com a industrialização, a burguesia consolidou seu poder
económico, em expansão desde o século XVI. Por outro lado, surgiu a classe
operária, formada por trabalhadores urbanos sem qualquer acesso à posse ou
propriedade, que vendiam a sua força de trabalho às indústrias.
Também o fim das antigas relações de produção feudais na
Inglaterra, ou seja, no campo a servidão fora extinta pela aceleração da
expulsão dos camponeses e cercamento dos campos (enclosures3) e na
cidade, o artesanato foi perdendo importância diante do poder das indústrias.
Segundo HOBSBAWM, Eric (2001: 38) “a revolução industrial
não foi efectivamente um episódio com princípio e fim. Perguntar quando é que o
processo ficou «concluído» é absurdo […]. O processo ainda está em curso.”
Constituem antecedentes desta revolução a força animal, a
força do vento e a força da água, essas fontes eram muito limitadas,
surpreendentemente, no início do século XVIII, verificaram-se profundas
inovações técnicas que permitiram a utilização de novas e mais rentáveis fontes
de energia4.
Nos estudos de MACEDO, Jorge de (s.d: 69) ‘‘A
Grã-Bretanha era auto-abastecida em produtos alimentares, além de ser
exportadoras de cereais.’’ Ainda antes do século XVIII houve uma combinação de
factores que de forma significativa e incontestável contribuíram para as
transformações verificadas no sector da agricultura, tais como o triunfo do
parlamentarismo na Inglaterra (1688) no concernente a Revolução Gloriosa5.
O parlamentarismo6 diferentemente ao absolutismo era favorável a
liberdade económica, o que
____________________
3Enclosures – campos delimitados por murros, vedações.
Tal cercamento correspondia a um emparcelamento e concentração da propriedade
rural.
4 Rentáveis Fontes de energia – electricidade,
carvão
5Revolução Gloriosa – Pelo facto de não terem
existido vítimas mortais na intervenção militar de Guilherme III, na expulsão
de Jaime II.
6Palamentarismo – regime político em que o
parlamento protege senhores nobres e burgueses que procuram investir e
dinamizar o comércio.
em larga medida permitiu o desenvolvimento da
aristocracia rural e da burguesia, através dos investimentos no sector agrícola
proporcionados pela burguesia mercantil e financeira com base na riqueza
acumulada; desenvolvimento do sistema de enclosures que não só constituía braço de
ferro que não só impedia a frequência de rebanhos alheios, mas também,
condicionava um bom aproveitamento de terras; não obstante, este sistema
colocou a disposição dos mais ricos novas e alheias propriedades; a melhoria
das técnicas agricolas7; a conquista e expansão de novas terras para
agricultura.
Essas profundas transformações assistidas na arena
agrícola no intervalo dos séculos XVI a XVII receberam o nome de Revolução
Agrícola.
A consequência subsequente da combinação destes factores
foi o aumento da produtividade e a consequente melhoria da qualidade e da
quantidade de alimentação. Com esta melhoria observada condicionou o recuo da
taxa de mortalidade, por conseguinte, o rejuvenescimento e a explosão
demográfica, estimulando desta feita não só a demanda, que constitui factor de
desenvolvimento económico, mas também, contribuiu significativamente para o
crescimento das cidades e impulsionamento dos movimentos migratórios.
A Inglaterra foi o país pioneiro que liderou todo este
processo de renovação tecnológico.
Segundo Samuelson & Nordhaus (2005:558) “a
Grã-Bretanha […] tornou-se líder mundial no século XIX ao ser pioneira na
Revolução Industrial […] dando uma grande importância à liberdade do comércio”.
Este facto ocorreu porque a partir do século XVII a
Inglaterra tinha dado um passo significativo para vanguarda no concernente ao
desenvolvimento da manufactura, a abundância de capitais, a existência de
matérias-primas (ferro, hulha e lã); a vasta rede de transportes e comunicações
(portos, rios e canais); o amplo mercado; o avanço significativo nos
investimentos técnicos, aliás grande parte das invenções técnicas dos séculos
XVII e XVIII pertencia aos ingleses (maquina de semear, fundição de ferro
através do coque,
____________________
7Técnicas agrícolas – tais como parcelamento das
propriedades, sistema de rotação das culturas, selecção de sementes,
especialização de culturas e introdução de novas máquinas agrícolas.
lançadeira volante, tear mecânico) burguesia e nobreza
com uma mentalidade activa e trabalhadora, favorecida pelo regime liberal
parlamentarista, mão-de-obra numerosa, já com algumas semelhanças com processo
industrial.
A combinação de todas estas condições favoreceu a
Inglaterra para que fosse vanguardista na Revolução Industrial em relação aos
restantes países europeus.
Na abordagem de ROSTOW6, “no decurso do
arranco, novas indústrias se expandem rapidamente, dando lucro dos quais grande
parte é reinvestida em novas instalações, e estas novas indústrias, por sua vez
estimulam, graças a necessidade aceleradamente crescente de operários, de
serviços para aplicá-los e de outros bens manufacturados, uma ulterior expansão
de áreas urbanas e de outras instalações industriais modernas.
A nova classe empresarial se amplia e dirige aumentados
do investimento do sector privado. A economia explora recursos naturais, e
métodos de produção até então inaproveitáveis”.
Como referimos nos antecedentes que antes do século XVIII
foram usadas na Inglaterra três fontes de energia nomeadamente a força animal,
a força do vento e a força da água. Essas fontes foram substituídas pelas novas
e profundas inovações técnicas que permitiram a utilização de novas e mais
rentáveis fontes de energia, que mais tarde desencadearam uma Revolução
Industrial.
Considera-se como início da Revolução Industrial a
invenção da máquina a vapor pelo escocês James Watt, em 1769,que permitiu
transportar grandes quantidades bens ao mesmo tempo e a sua subsequente
aplicação no sector dos transportes, na indústria, no sector têxtil (tear e
maquina de fiar), na metalurgia, o que provocou a rápida mudança nos modos de
produção: da manufactura à maquinofactura; do artesão ao operário; da produção
limitada à produção excedente; da produção exclusiva à produção em série.
Ao transformar o calor em força mecânica, através do
vapor possibilitou o homem pela primeira vez, produzir artificialmente a
energia.
____________________
8ROSTOW, Citado por SOUSA, Luís Gonzaga de (s.d.
104).
A maquinofactura, eliminou o trabalho artesanal (este não
conseguia concorrer aos preços e produção das fabricas);
Surgimento do proletariado9;
Com a introdução das máquinas no processo de produção, a
manufactura cedeu lugar à maquinofactura. Em termos de organização de trabalho,
a oficina foi gradualmente substituída pela fábrica, em que havia uma maior
concentração de operários e de equipamentos no mesmo local.
De acordo com TREVELYAN, G. M, (1942: 186) “ a revolução
industrial fez aumentar de forma extraordinária a população mineira, sem se
preocupar de início com a melhoria das suas condições de vida”.
Do ponto de vista social, o homem passou a estar ao
serviço da fábrica como operário, com a função principal de controlar as
máquinas, levando a desqualificação do seu trabalho;
Esta revolução obrigou os camponeses, artesãos e pequenos
rendeiros a emigrarem do campo para as cidades em troca de um salário
miserável. Consequentemente diante deste fenómeno, houve um excedente de
mão-de-obra que a indústria não conseguiu absorver, elevando assim o índice de
desemprego;
Altas jornadas de trabalho, baixa remuneração e condições
insalubres de trabalho;
A fome e a desordem, a falta de condições higiénicas,
tomaram conta das populações. E com a preocupação cada vez maior de obtenção de
lucros fabulosos, os industriais passaram a recrutar crianças e mulheres
(mão-de-obra mais rentável) para trabalharem nas fábricas em
____________________
9Proletariado – termo empregado por Karl Marx para
designar a classe operaria que vende a sua força de trabalho
condições desumanas. Verificaram-se também alterações
ambientais, fruto da concentração populacional junto dos centros urbanos e de
novas construções fabris (com as suas altas chaminés e da poluição provocada
pelo fumo das fabricas). Tudo isto, por sua vez, levou a produção e acumulação
de capitais em poucas mãos. Essa acumulação de capitais fez com que o mercado
ficasse saturado, criando a necessidade de novos mercados de investimentos, e
novas fontes de matérias-primas, para além das fronteiras europeias, facto que
levou ao início do imperialismo em África.
Foram essas as consequências trazidas pela Revolução
Industrial, que começaram a fazer-se sentir ainda no século XVIII.
CAPÍTULO – III
A Revolução Industrial Inglesa galvanizou o progresso ao
nível da produção de bens e serviços, tão comuns na vida hodierna, influindo
uma modificação fundamental na estrutura económica, social e política. Devido
às revoluções observadas na arena agricultura, na esfera indústria, no plano de
comunicações e nos transportes,
Inglaterra tornou-se a nação industrial vanguardista
durante o século XIX.
Observou o investimento de capital na agricultura e na
indústria, à urbanização e à subsequente concentração da população nas cidades
industriais, ora recentemente criadas, e à desertificação dos espaços rurais,
tendo a fábrica substituído o sistema familiar de produção. Com o advento da “moda”
do vapor, assistiu-se à emergência de uma nova classe social (operaria). Os novos
instrumentos de produção contribuíram para o estabelecimento de novas relações
sociais, não descurando a continuidade das tradições políticas e culturais.
No entanto, o relacionamento entre patrão e empregado
tornou-se mais impessoal e rígido.
Acreditava-se que a industrialização aliviasse os custos
de produção e o esforço humano e convalescesse as condições de vida. Contudo,
as cidades ofereciam condições deploráveis aos seus habitantes,
transformando-se em locais favoráveis à propagação de epidemias. As indústrias
exploravam os trabalhadores, numa tentativa obsessiva de produzir a maior
quantidade de produtos possível ao menor preço, em muitas vezes recorrendo à
mão-de-obra mais barata (mulheres e crianças). Estas camadas sociais,
intentando equilibrar o orçamento familiar, sacrificavam-se, em conjunto com os
homens, à longa jornada de trabalho, aos baixos salários, à falta de segurança
e de condições de higiene. Efectivamente, os resultados humanos desta revolução
foram de alguma forma funestos.
BIBLIOGRAFIA
ANTECEDENTES da Revolução Industrial disponível em
<www. URL:http://www.infoprdia.pt/$antecedentes-da-revolucao-industrial>. Acesso em: 02 de
Abril, 2014.
ASHTON, T.S. A
Revolução Industrial. Lisboa: 6ª Ed. Europa-América. S.d.
BARRETO, Rodrigo Luís Pereira, MANZANO, Valdir Luciano. Revolução Industrial e suas consequências:
Tecnologia e desenvolvimento, s.d. p. 1.
HOBSBAWM, Eric. Trad. António Cartaxo. A Era das Revoluções. 5ª Edição. Lisboa:
Editorial Presença. Maio, 2001.
MACEDO, Jorge de. Revolução
Industrial. 1a Edição. São Paulo: Atlas. (s.d: 69)
REVOLUÇÃO Industrial disponível em <Wikipédia, a
enciclopédia livre>. Acesso em: 28 de Março de 2014.
SAMUELSON, Paul A., NORDEHAUS, William D. Economia. 18ª Edição. Lisboa. 2005.
p.555.
SARDICA, José Miguel. Eric
Hobsbawm e os Factores de génese da Revolução Industrial Inglesa. nº 12, 1993,
Quadrimestral.
SOUSA, Luís Gonzaga de. Ensaios de Economia. s.d.
p.106
TREVELYAN, G. M, História
Concisa de Inglaterra -II, 1942. P.114.