Friday, September 25, 2015

Revolucao Industrial


ÍNDICE





RESUMO 

A Revolução Industrial foi um separador de momentos na história e quase todos os aspectos da vida quotidiana da época foram influídos de alguma forma por esse processo. Em particular, a renda média e a população principiaram a experimentar um crescimento sustentado. Pela primeira vez na história os padrões de vida das massas de pessoas comuns começaram a se submeter a um crescimento sustentado. Nada remotamente parecido com este comportamento económico é mencionado por economistas clássicos, até mesmo como uma possibilidade teórica.
Tratou-se da consubstanciação de um novo período histórico, com o surgimento do capitalismo industrial. Este modo de produção capitalista, definido através das forças produtivas e das relações sociais de produção, baseou-se em bens de consumo (sendo dianteira, a indústria têxtil), preceituando a melhoria nos meios de comunicação (como transportes terrestres e marítimos), o desenvolvimento da metalurgia, do motor a vapor e do carvão como energia.
O primórdio e a duração da Revolução Industrial variam de acordo com diferentes historiadores, mas todos são unânimes em afirmar que ocorreu na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX embora havendo dissonância nas décadas. Alguns historiadores do século XX, têm argumentado que o processo de mudança económica e social ocorreu de forma gradual e que o termo "revolução" é equivocado. Este ainda é um assunto que está em debate entre os historiadores.



CAPITULO – I


O presente trabalho é da esfera académica, fica a realizar devido o facto de o docente da disciplina de História Económica e Social do Mundo ter conferido como trabalho de pesquisa ao quarto grupo do curso de Ciência Política do regime laboral no qual fazemos parte como membros integrantes.
Tem como tema A Revolução Industrial na Inglaterra, não obstante, não se pretende esgrimir tudo o que as fontes consultadas abordam a respeito dessa matéria, mas sim, aspectos de estrema importância. Para melhor percepção desta matéria, julgou-se pertinente a divisão do mesmo em partes, onde a primeira parte privilegia a introdução na qual procura se expor o tema em questão, as motivações da sua realização, a utilidade e os objectivos que se pretende alcançar.          
Para elaboração deste trabalho foi efectuado uma pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias com vista a obter informações básicas sobre os diferentes trabalhos científicos existentes sobre o assunto em questão, mas também recorreu-se ao texto disponibilizado pelo docente ao longo das aulas e aos artigos disponibilizados em algumas páginas electrónicas.
a)      Geral:
·         Desenvolver capacidades de reflectir e pensar cientificamente acerca da Revolução Industrial na Inglaterra
b)      Específicos:
·         Conhecer os antecedentes da revolução industrial;
·         Dominar os alicerces do pioneirismo inglês na revolução industrial;
·         Conhecer as consequências da revolução industrial inglês.     




CAPITULO – II




BARRETO, Rodrigo Luís Pereira & MANZANO, Valdir Luciano Franco, definem Revolução Industrial como sendo um “conjunto de transformações técnicas e económicas iniciadas na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e que se espalharam pelo resto do continente europeu e América do Norte ao longo do século XIX”.
Segundo SARDICA, José Miguel (1993: 163),“a Revolução Industrial apresenta-se-nos como um processo de conversão económica e civilizacional espraiado no tempo e no espaço que, no seu todo, assegurou ao continente europeu uma indesmentível hegemonia mundial até ao término da I guerra constituindo virtualmente a certidão de nascimento do mundo contemporâneo.”
Revolução Industrial – foi a transição para novos processos de manufactura1 no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou pela Europa Ocidental e Estados Unidos. A Revolução Industrial consistiu no afastamento paulatino das técnicas de produção, manufactureiras e a criação das maquinofacturas2. As maquinofacturas diferenciavam-se das manufacturas pelo fato de produzirem bens em larga escala através da utilização de máquinas, operadas pelos trabalhadores. O principal significado da Revolução Industrial Inglesa foi a generalização do trabalho assalariado, por conseguinte do capitalismo.
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1 Manufacturas – produção através do trabalho manual.
2 Maquinofactura – sistema de produção em que os artigos são produzidos através de máquinas.
Com a industrialização, a burguesia consolidou seu poder económico, em expansão desde o século XVI. Por outro lado, surgiu a classe operária, formada por trabalhadores urbanos sem qualquer acesso à posse ou propriedade, que vendiam a sua força de trabalho às indústrias.
Também o fim das antigas relações de produção feudais na Inglaterra, ou seja, no campo a servidão fora extinta pela aceleração da expulsão dos camponeses e cercamento dos campos (enclosures3) e na cidade, o artesanato foi perdendo importância diante do poder das indústrias.
Segundo HOBSBAWM, Eric (2001: 38) “a revolução industrial não foi efectivamente um episódio com princípio e fim. Perguntar quando é que o processo ficou «concluído» é absurdo […]. O processo ainda está em curso.”
Constituem antecedentes desta revolução a força animal, a força do vento e a força da água, essas fontes eram muito limitadas, surpreendentemente, no início do século XVIII, verificaram-se profundas inovações técnicas que permitiram a utilização de novas e mais rentáveis fontes de energia4.
Nos estudos de MACEDO, Jorge de (s.d: 69) ‘‘A Grã-Bretanha era auto-abastecida em produtos alimentares, além de ser exportadoras de cereais.’’ Ainda antes do século XVIII houve uma combinação de factores que de forma significativa e incontestável contribuíram para as transformações verificadas no sector da agricultura, tais como o triunfo do parlamentarismo na Inglaterra (1688) no concernente a Revolução Gloriosa5. O parlamentarismo6 diferentemente ao absolutismo era favorável a liberdade económica, o que
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3Enclosures – campos delimitados por murros, vedações. Tal cercamento correspondia a um emparcelamento e concentração da propriedade rural.
4 Rentáveis Fontes de energia – electricidade, carvão
5Revolução Gloriosa – Pelo facto de não terem existido vítimas mortais na intervenção militar de Guilherme III, na expulsão de Jaime II.
6Palamentarismo – regime político em que o parlamento protege senhores nobres e burgueses que procuram investir e dinamizar o comércio.
em larga medida permitiu o desenvolvimento da aristocracia rural e da burguesia, através dos investimentos no sector agrícola proporcionados pela burguesia mercantil e financeira com base na riqueza acumulada; desenvolvimento do sistema de enclosures que não só constituía braço de ferro que não só impedia a frequência de rebanhos alheios, mas também, condicionava um bom aproveitamento de terras; não obstante, este sistema colocou a disposição dos mais ricos novas e alheias propriedades; a melhoria das técnicas agricolas7; a conquista e expansão de novas terras para agricultura.
Essas profundas transformações assistidas na arena agrícola no intervalo dos séculos XVI a XVII receberam o nome de Revolução Agrícola.
A consequência subsequente da combinação destes factores foi o aumento da produtividade e a consequente melhoria da qualidade e da quantidade de alimentação. Com esta melhoria observada condicionou o recuo da taxa de mortalidade, por conseguinte, o rejuvenescimento e a explosão demográfica, estimulando desta feita não só a demanda, que constitui factor de desenvolvimento económico, mas também, contribuiu significativamente para o crescimento das cidades e impulsionamento dos movimentos migratórios.

A Inglaterra foi o país pioneiro que liderou todo este processo de renovação tecnológico.
Segundo Samuelson & Nordhaus (2005:558) “a Grã-Bretanha […] tornou-se líder mundial no século XIX ao ser pioneira na Revolução Industrial […] dando uma grande importância à liberdade do comércio”.
Este facto ocorreu porque a partir do século XVII a Inglaterra tinha dado um passo significativo para vanguarda no concernente ao desenvolvimento da manufactura, a abundância de capitais, a existência de matérias-primas (ferro, hulha e lã); a vasta rede de transportes e comunicações (portos, rios e canais); o amplo mercado; o avanço significativo nos investimentos técnicos, aliás grande parte das invenções técnicas dos séculos XVII e XVIII pertencia aos ingleses (maquina de semear, fundição de ferro através do coque,
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7Técnicas agrícolas – tais como parcelamento das propriedades, sistema de rotação das culturas, selecção de sementes, especialização de culturas e introdução de novas máquinas agrícolas.
lançadeira volante, tear mecânico) burguesia e nobreza com uma mentalidade activa e trabalhadora, favorecida pelo regime liberal parlamentarista, mão-de-obra numerosa, já com algumas semelhanças com processo industrial.
A combinação de todas estas condições favoreceu a Inglaterra para que fosse vanguardista na Revolução Industrial em relação aos restantes países europeus.

Na abordagem de ROSTOW6, “no decurso do arranco, novas indústrias se expandem rapidamente, dando lucro dos quais grande parte é reinvestida em novas instalações, e estas novas indústrias, por sua vez estimulam, graças a necessidade aceleradamente crescente de operários, de serviços para aplicá-los e de outros bens manufacturados, uma ulterior expansão de áreas urbanas e de outras instalações industriais modernas.         
A nova classe empresarial se amplia e dirige aumentados do investimento do sector privado. A economia explora recursos naturais, e métodos de produção até então inaproveitáveis”.
Como referimos nos antecedentes que antes do século XVIII foram usadas na Inglaterra três fontes de energia nomeadamente a força animal, a força do vento e a força da água. Essas fontes foram substituídas pelas novas e profundas inovações técnicas que permitiram a utilização de novas e mais rentáveis fontes de energia, que mais tarde desencadearam uma Revolução Industrial.
Considera-se como início da Revolução Industrial a invenção da máquina a vapor pelo escocês James Watt, em 1769,que permitiu transportar grandes quantidades bens ao mesmo tempo e a sua subsequente aplicação no sector dos transportes, na indústria, no sector têxtil (tear e maquina de fiar), na metalurgia, o que provocou a rápida mudança nos modos de produção: da manufactura à maquinofactura; do artesão ao operário; da produção limitada à produção excedente; da produção exclusiva à produção em série.
Ao transformar o calor em força mecânica, através do vapor possibilitou o homem pela primeira vez, produzir artificialmente a energia.
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8ROSTOW, Citado por SOUSA, Luís Gonzaga de (s.d. 104).

A maquinofactura, eliminou o trabalho artesanal (este não conseguia concorrer aos preços e produção das fabricas);
Surgimento do proletariado9;
Com a introdução das máquinas no processo de produção, a manufactura cedeu lugar à maquinofactura. Em termos de organização de trabalho, a oficina foi gradualmente substituída pela fábrica, em que havia uma maior concentração de operários e de equipamentos no mesmo local.
De acordo com TREVELYAN, G. M, (1942: 186) “ a revolução industrial fez aumentar de forma extraordinária a população mineira, sem se preocupar de início com a melhoria das suas condições de vida”.
Do ponto de vista social, o homem passou a estar ao serviço da fábrica como operário, com a função principal de controlar as máquinas, levando a desqualificação do seu trabalho;
Esta revolução obrigou os camponeses, artesãos e pequenos rendeiros a emigrarem do campo para as cidades em troca de um salário miserável. Consequentemente diante deste fenómeno, houve um excedente de mão-de-obra que a indústria não conseguiu absorver, elevando assim o índice de desemprego;
Altas jornadas de trabalho, baixa remuneração e condições insalubres de trabalho;
A fome e a desordem, a falta de condições higiénicas, tomaram conta das populações. E com a preocupação cada vez maior de obtenção de lucros fabulosos, os industriais passaram a recrutar crianças e mulheres (mão-de-obra mais rentável) para trabalharem nas fábricas em
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9Proletariado – termo empregado por Karl Marx para designar a classe operaria que vende a sua força de trabalho

condições desumanas. Verificaram-se também alterações ambientais, fruto da concentração populacional junto dos centros urbanos e de novas construções fabris (com as suas altas chaminés e da poluição provocada pelo fumo das fabricas). Tudo isto, por sua vez, levou a produção e acumulação de capitais em poucas mãos. Essa acumulação de capitais fez com que o mercado ficasse saturado, criando a necessidade de novos mercados de investimentos, e novas fontes de matérias-primas, para além das fronteiras europeias, facto que levou ao início do imperialismo em África.
Foram essas as consequências trazidas pela Revolução Industrial, que começaram a fazer-se sentir ainda no século XVIII.











CAPÍTULO – III  



A Revolução Industrial Inglesa galvanizou o progresso ao nível da produção de bens e serviços, tão comuns na vida hodierna, influindo uma modificação fundamental na estrutura económica, social e política. Devido às revoluções observadas na arena agricultura, na esfera indústria, no plano de comunicações e nos transportes,
Inglaterra tornou-se a nação industrial vanguardista durante o século XIX.
Observou o investimento de capital na agricultura e na indústria, à urbanização e à subsequente concentração da população nas cidades industriais, ora recentemente criadas, e à desertificação dos espaços rurais, tendo a fábrica substituído o sistema familiar de produção. Com o advento da “moda” do vapor, assistiu-se à emergência de uma nova classe social (operaria). Os novos instrumentos de produção contribuíram para o estabelecimento de novas relações sociais, não descurando a continuidade das tradições políticas e culturais.
No entanto, o relacionamento entre patrão e empregado tornou-se mais impessoal e rígido.
Acreditava-se que a industrialização aliviasse os custos de produção e o esforço humano e convalescesse as condições de vida. Contudo, as cidades ofereciam condições deploráveis aos seus habitantes, transformando-se em locais favoráveis à propagação de epidemias. As indústrias exploravam os trabalhadores, numa tentativa obsessiva de produzir a maior quantidade de produtos possível ao menor preço, em muitas vezes recorrendo à mão-de-obra mais barata (mulheres e crianças). Estas camadas sociais, intentando equilibrar o orçamento familiar, sacrificavam-se, em conjunto com os homens, à longa jornada de trabalho, aos baixos salários, à falta de segurança e de condições de higiene. Efectivamente, os resultados humanos desta revolução foram de alguma forma funestos.







BIBLIOGRAFIA


ANTECEDENTES da Revolução Industrial disponível em <www. URL:http://www.infoprdia.pt/$antecedentes-da-revolucao-industrial>. Acesso em: 02 de Abril, 2014.
ASHTON, T.S. A Revolução Industrial. Lisboa: 6ª Ed. Europa-América. S.d.
BARRETO, Rodrigo Luís Pereira, MANZANO, Valdir Luciano. Revolução Industrial e suas consequências: Tecnologia e desenvolvimento, s.d. p. 1.
HOBSBAWM, Eric. Trad. António Cartaxo. A Era das Revoluções. 5ª Edição. Lisboa: Editorial Presença. Maio, 2001.
MACEDO, Jorge de. Revolução Industrial. 1a Edição. São Paulo: Atlas. (s.d: 69)
REVOLUÇÃO Industrial disponível em <Wikipédia, a enciclopédia livre>. Acesso em: 28 de Março de 2014.
SAMUELSON, Paul A., NORDEHAUS, William D. Economia. 18ª Edição. Lisboa. 2005. p.555.
SARDICA, José Miguel. Eric Hobsbawm e os Factores de génese da Revolução Industrial Inglesa. nº 12, 1993, Quadrimestral.
SOUSA, Luís Gonzaga de. Ensaios de Economia. s.d. p.106
TREVELYAN, G. M, História Concisa de Inglaterra -II, 1942. P.114.